Às vezes passa. Como tudo nessa vida passa. Até mesmo a vontade de se entregar ao novo, de fazer diferente, de experimentar. E quando tudo isso cede, se esvai, quando já não sobra a curiosidade, a alma grita com necessidade de resgate. Um resgate que a gente nem sabe bem do quê. Talvez uma saudade latente de quem a gente já foi e achou que nem era mais. De retomar um blog deveras esquecido. De se pegar soltando em alto e bom som a risada infantil que a gente julgava haver perdido no meio da frieza do mundo adulto que nos cerca e que havia nos cooptado sem que a gente sequer percebesse.
Resgatar o arrepio e a gargalhada. O escrever sem pressa e sem obrigação. Só o que os dedos vão digitando, quase que por si sós, sobre o teclado. O contemplar. O simples observar. Das coisas, da natureza, das pessoas e seus detalhes, tão cheios de nuances que até bem pouco nos passavam despercebidos. O ler que não é o estudar, mas o se divertir. O se re-encantar, re-inventar, a partir do passado, do presente, do agora, desse mesmo segundo. Sem futuro. Sem expectativas. Sem cobranças. Sem satisfações a serem dadas. Sem nada.
Um simples desejo de usufruir. De retomar coisas inacabadas, amizades que um dia já foram estreitas, sabores que esquecemos. Uma vontade latente de percorrer as mesmas e já conhecidas estradas, observando as mudanças que surgiram ao longo do caminho. As flores que cresceram nas margens. As que murcharam também.
A inquietude de sempre, com um quê de reviver. A ansiedade de ocupar espaços já conhecidos, mas de maneira menos previsível. Apreciando os prazeres cotidianos.
Parece que chegou a hora. A MINHA hora. Aquela hora em que a gente SE retoma, SE reinventa, SE redescobre.
Que as antigas estradas tragam novos rumos! Ou não...