quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sou um ser dependente. E daí?

Há séculos as mulheres vêm lutando para conquistar o espaço que merecem na sociedade. Talvez por conta disso tenha surgido e reverbere até hoje com tanta força o mito da INDEPENDÊNCIA FEMININA. Um mito do qual fui vítima e também tirei proveito. Acho que com a maioria das mulheres é assim.

Explico. Tirei proveito na medida em que, enquanto acreditava ser possível essa tal independência, fui encorajada a assumir certas posturas que – para o bem ou para o mal - me tornaram quem hoje sou. Vítima no sentido de que me penalizei muitas vezes por ver o quanto para mim essa independência plena era inalcançável.

Enquanto acreditava no mito, fui por muitas vezes capaz de enfrentar o medo e tirar coragem de onde ela não existia. Exercitei a indagação, impus a mim mesma a liderança e a determinação. Tomei gosto por política (não como ofício, explico antes que perca os já poucos leitores) e outros temas dito masculinos. Tudo para mim parecia pouco. Trabalho, duas faculdades e desde cedo a minha própria casa. Afinal, eu TINHA que ser independente. Quanto absurdo! Como seres sociais que somos, é no mínimo inútil perseguir um ideal como este.

As lutas femininas devem prosseguir. Novas conquistas virão. E que venham! Mas não venha me falar nessa bobagem de independência. Todos nós – humanos - somos dependentes por natureza. E que bom que seja assim. Se, sendo dependentes, somos egoístas, prepotentes, arrogantes, imagine se não o fossemos.

Sou extremamente dependente, assumo. Menina e mulher, forte em toda a fragilidade que não temo demonstrar. Aprecio um ombro em quem me apoiar e chorar quando preciso for. O que não me impede de continuar gritando, escrevendo, e, principalmente pensando.

P.S.: Aos que me conhecem e tomaram um susto ao ler o título, antes que inadequadamente aleguem que eu não sei fritar um ovo e adoro trabalhar fora de casa e nunca nela (a casa), um aviso: (in)dependência não tem nada a ver com gosto ou talento pessoal. Sim, eu odeio cozinha e cheirar a óleo, alho e cebola. Mas também não faço a menor idéia de como trocar um pneu. Algum rapaz ai para ajudar?

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