segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Doce Mentira
"Truth is rarely pure, and never simple" - Oscar Wilde
A dicotomia verdade/mentira sempre me interessou. Tudo que se tem como absoluto, aliás, me interessa, particularmente por nunca ter acreditado que exista algo imutável, plenamente crível e certo para todo o sempre. O que hoje considero correto e pleno amanhã poderá ser por mim mesma contestado.
Mas a mentira – poderão me apontar - pode causar danos irremediáveis. E a verdade também! A diferença é que a verdade sempre me assustou um pouco, com sua áurea incontestável e a mentira, tão injustiçada, para mim foi e é por tantas vezes encarada como um ato de amor.
Hoje um bate-papo com um amigo me deu mais uma prova disso. Ao ouvir dele, que vai se separar da esposa “por não mais amá-la e por fazer sexo por pura obrigação”, – tendo feito questão de dizer isto nestes termos à mulher – tive certeza de que meu amigo não perdeu só o amor por ela, mas também o respeito e a gentileza.
Limitar a mentira a um artifício utilizado com o objetivo de obter vantagens pessoais é pensar raso. Todos mentimos e com as mais diversas intenções. Claro que há os (as) canalhas, bajuladores, conquistadores que dizem “eu te amo” vãos. Mas também há os que mentem como forma de preservar, construindo uma barreira não para si, mas para a defesa emocional do outro. E essa mentira é muito válida.
Eu mesma só minto para pessoas que considero importantes, que prezo. Mentir é uma prisão e, por isso, só faz sentido nos permitir encarcerar se o outro valer muito a pena. Criar uma boa história, guardá-la firme e imutável na memória e, ao final de todos esses esforços, ainda buscar agir com espontaneidade não é tarefa fácil.
Portanto, não me dói esse tipo de mentira, ou omissão que seja, dirigida a mim. Há coisas que eu simplesmente não quero compreender, porque compreendê-las me machucaria ainda mais. Sim, quero as mentiras mais bonitas, os eufemismos mais suaves. Sim, em muitos casos prefiro a doce mentira dita por amor do que a dura verdade exposta à carne viva em desrespeito.
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